Adorador por Excelência (?)
Há em nossas igrejas evangélicas aqui no Brasil, uma imensidão de diferenças entre liturgias e dogmas onde cada uma segue uma base para interpretação pessoal/cultual dependendo dos fundadores daquela denominação.
No entanto, não podemos deixar que os textos bíblicos que tem por medida expor os pensamentos de Jesus Cristo e de seus discípulo uma interpretação ao bel prazer de qualquer um de nós. Os textos sagrados tem por objetivo nos qualificar e quantificar perante a Pessoa de Jesus Cristo e sermos ensinados por Ele através de todo o Novo Testamento assim como também o Antigo Testamento.
Pois bem, venho através desse 'post' tirar algumas dúvidas sobre a verdadeira adoração pois, pasmem, não existe regras para tal, apesar de que em muitas denominações apropriam-se do termo adoração e criam regras para tal, a Bíblia é autossuficiente para nos explicar o que realmente e como devermos adorar o nome de Jesus Cristo.
O Senso Comum
Para alguns a adoração genuína é aquela que precisa ser feita com gritos e um tom de voz bem alta; quando para outros a adoração deve ser feito em um tom de voz suave e baixíssimo onde seu vizinho de oração quase que nem o ouve.
Alguns crentes afirmam que a adoração é feita de pé e quando suas mãos estão levantadas; enquanto para outros ela pode ser feita no seu lugar em silêncio sem nenhuma movimentação.
Outros vão além e dizem que a verdadeira adoração é aquela que acontece movimentos espirituais (no caso dos pentecostais e neo-pentecostais); enquanto para outros a verdadeira adoração é aquela onde vidas são transformadas.
Mas o que a Bíblia diz sobre adoração? Vamos nos basear no texto do Evangelho de João 4.21-24:
v.21 - Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte e nem em Jerusalém adorareis o Pai.
v.22 - Vós adorais o que não sabeis, nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.
v.23 - Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
v.24 - Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e verdade.
Observação¹: versão BEARC da Bíblia Sagrada.
Pressupostos - Os Samaritanos
Com a morte do rei Salomão (1 Reis 11. 42-43), seu filho Roboão assume o trono (1 Reis 11.43) e logo no início de seu reinado há uma controversa com o povo, representado por Jeroboão (1 Reis 11.30-32) que causa a separação de Israel em dois reinos (1 Reis 12.16; 20) sendo o Reino do Sul (Judá e Benjamin) e Reino do Norte (as demais dez tribos restantes).
Então assim, Samaria por anos foi o centro do Reino do Norte, porém houve a queda de Samaria para os Assírios (2 Reis 17.5-6) que deportaram boa parte da sua população e estabeleceram colonos oriundos de várias regiões também vassalos da Assíria (2 Reis 17.24) estabelecendo assim uma completa mistura de cultura (2 Reis 17.29).
Por conta disso, os samaritanos com o passar dos anos se tornaram henoteístas¹ e com a mescla de etnias começou a adorar outros deuses e praticar diversos rituais.
Os samaritanos se tornaram para os judeus que são os israelitas da tribo de Judá e Benjamin, ou seja, Reino do Sul além dos levitas e sacerdotes (Esdras 1.5) que foram deportados para a Babilônia e voltaram para Jerusalém (Esdras 2.1), como impuros e não mais dignos de se chamarem povo eleito de Adonai.
E mais, os samaritanos, por conta da volta do exílio, foram contra a reconstrução de Jerusalém estabelecendo assim seu próprio lugar de culto no monte Gerizim.
Jesus e a Samaritana - O diálogo
Tendo os pressupostos em mente; temos agora o diálogo entre Jesus e a Samaritana com um cenário mais esclarecedor, onde podemos compreender a necessidade de Jesus Cristo nos dar mais uma lição sobre o evangelho.
A passagem entre o capítulo 3 do Evangelho de João para o capítulo 2 é muito intrigante. Há algumas diferenças entre esses dois capítulos que são de muita importância para o enredo do diálogo.
O contraste criado pelo evangelista é notório quando sabemos que no capítulo 3 há uma obra missionária de Cristo na judéia, enquanto no capítulo 4 a obra missionária d'Ele é em Samaria; da mesma forma.
No capítulo 3 o diálogo foi com um homem (Nicodemus) enquanto que no capítulo 4 com uma mulher (samaritana).
Ainda no capítulo 3, temos as instruções para um judeu e também uma pessoa da alta posição moral; enquanto que no capítulo 4 temos as instruções dadas à uma samaritana e que supostamente tem uma baixa reputação.
Esse contraste existe pelo único motivo de que Jesus Cristo quer nos mostrar que Ele pode e quer salvar em ambos os casos. Não importando para Ele os problemas sociais e/ou históricos/culturais que o indivíduo está inserido.
A não padronização da Adoração
A mulher samaritana fez-lhe uma pergunta. Depois da conversa sobre a água viva certamente ela estava realmente com vontade de aprender ou até mesmo compreender melhor muitas coisas sobre sua fé.
Jesus não a deixa sem resposta; da mesma forma conosco hoje, onde todas as nossas respostas são respondidas n'Ele.
Jesus responde à ela sobre os verdadeiros adoradores, quem são e como será feita essa adoração.
Temos um evidente problema de padronizarmos a adoração que praticamos; por conta das muitas vertentes evangélicas no Brasil, cada igreja (instituição) quer tomar para si qual o modelo correto de adoração e se é aplicado em seus respectivos cultos. E aqui é a mesma visão entre judeus e samaritanos onde cada um tomava para si como se devia adorar o Senhor.
Jesus quebra esse padrão; a resposta d'Ele é enfática: "Mas a hora vem, e agora é..."
Desde o início ministerial de Jesus o padrão inserido de adoração não é mais centralizado em quem adora, mas sim em quem é adorado. Jesus continua dizendo: "(...) em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade..."
Jesus aqui está declarando que a verdadeira adoração não se faz pelo ato físico, mas sim render honras ao Senhor de uma forma tão íntima que certamente haverá um envolvimento de nossos corações participantes desse ato da mesma forma que assim se há uma harmonia com a verdade em Cristo (Evangelho de João 14.6) que é revelada pela sua Palavra.
Portanto, a verdadeira adoração não será apenas física, mas espiritual; não será algo externo ao ser humano, mas também interno e será sempre direcionada ao Cristo, o nosso Redentor, porque adoração também é redenção (Lucas 19.10).
E Jesus termina essa parte dizendo: "(...) porque o Pai procura a tais que assim o adorem." onde aqui Cristo não diz que o Pai espera alcançar tais adoradores; mas na verdade, Deus persiste ansiando intensamente transformar os seus eleitos em tais adoradores.
CONCLUSÃO
v.24 - Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e verdade.
Deus é Espírito, assim sendo, a necessidade de adoração se fundamenta no próprio Deus. Sendo Espírito nossa adoração será espiritual. E o Espírito Santo atua na vida de cada adorador de forma individual, porque persiste no sentido de busca e procura no ser de Cristo, da experiência de cada indivíduo e ainda também da espera que cada um tem de Cristo.
Deus é um ser independente, incorpóreo e pessoal; não é um deus-árvore, deus-pedra, deus-cidade. Ele é completamente espiritual, a Sua essência é espiritual.
A sua adoração ao Pai deve ser íntimo e concernente à sua própria procura n'Ele como dito acima; você pode ter sua personalidade introspectiva e sua adoração a Cristo seguir sua personalidade bem mais ponderada; da mesma forma pode ter uma personalidade extrovertida e adorar dessa forma expressiva e enérgica sem reservas.
É uma presunção humana escolher no lugar de Deus a forma que Ele quer ser adorado. Não é a intensidade da sua fala, o quanto tu se expressa com o corpo, mas sim o quanto há de verdadeiro no seu ato de adorar.
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