Série Salmos: Salmos 2

          

Dando continuidade à série de comentários sobre os salmos no seu contexto histórico e cultural além, de claro, a síntese cristã dos Salmos e qual a sua narrativa messiânica extraída deles para nossas vidas onde, com Cristo, uso da paráfrase o salmista em Salmos 119.11: "Que a Sua Palavra faça parte de mim para que o meu erro não venha crescer e florescer no meu interior".

Como já dito anteriormente, tentarei fazer a série na mesma ordem em que os Salmos se encontram nas Escrituras Sagradas, mas, desde já, saliento que não é essa a ideia descritiva e centralizadora e sim que os comentários aliados à leitura da Palavra de Deus venham trazer um 'arder' em seus corações assim como os discípulos que estavam no caminho de Emaús (Evangelho Segundo Lucas 24.32).



Salmos 2 (NVI)

     v.1 Por que se amotinam as nações e os povos tramam em vão?
    v.2 Os reis da terra tomam posição e os governantes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu ungido, e dizem:
     v.3 "Façamos em pedaços as suas correntes, lancemos de nós as suas algemas!"
     v.4 Do seu trono nos céus o Senhor pões-se a rir e caçoa deles.
     v.5 Em sua ira os repreende e em seu furor os aterroriza, dizendo:
     v.6 "Eu mesmo estabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte".
     v.7 Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: "Tu és meu filho; eu hoje te gerei.
     v.8 Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra como tua prosperidade.
     v.9 Tu as quebrarás com vara de ferro e as despedaçarás como a um vaso de barro".
     v.10 Por isso, ó reis, sejam prudentes; aceitem a advertência, autoridades da terra.
     v.11 Adorem ao Senhor com temor, exultem com tremor.
    v.12 Beijem o filho, para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de repente, pois num instante acende-se a sua ira. Como são felizes todos os que nele se refugiam!

Há um consenso entre historiadores, teólogos e comentaristas das Escrituras Sagradas que esse Salmos é praticamente um epílogo do Salmos 1 por causa de sua narrativa em consistir na entrega do resultado daqueles que se apoiam em grupos opostos aos requeridos pelo Senhor. Há algumas semelhanças entre os dois Salmos nos quais podemos ver alguns citados abaixo:


O Salmo consiste em quatro estrofes de três versículos cada onde podemos notar que três oradores são representados no poema: o salmista, o Senhor (YHWH) e o rei:
  1. Nos vv. 1-3 temos o salmista observando a revolta das nações contra o Senhor e os seus escolhidos;
  2. Nos vv. 4-6 o Senhor vê a futilidade da revolta à luz do poder soberano de Deus e o ouve declarar que Ele colocou o seu Rei sobre o seu santo Monte Sião;
  3. Nos vv. 7-9 o rei declara o decreto que estabeleceu sua autoridade e recebe a garantia de Deus que sairá vitorioso;
  4. Nos vv-10-12 temos novamente o salmista extraindo lições sobre o que os povos rebeldes deviam aprender, e exorta-os a fazerem as pazes com Deus.
A continuação do Salmos 1 pode ser percebido na vida daqueles que se afastam e não se assentam no meio dos que são maus e assim são honrados como rei pela Graça de Deus enquanto os pecadores continuam sendo vistos como rebeldes. Este, é citado pelo Apóstolo Paulo em Atos 13.33

"...Ele cumpriu para nós, seus filhos, ressuscitando Jesus, como está escrito no Salmo segundo: Tu és meu filho; eu hoje te gerei"

O Salmos 2 é visto, se concatenado ao Salmo 1; como uma projeção divina para àqueles que cumprem os Seus princípios até o fim.

O Salmos é visto de uma ótica da antiguidade onde há a relação entre reis e soberanos versus reis e vassalos. Naquela época um rei soberano com superioridade política e militarmente tem o direito de nomear e confirmar tanto reis subordinados quanto vassalos a eles como podemos comprovar em 2 Reis 23.33-34:

v.33 "O faraó Neco o prendeu em Ribla, na terra de Hamate, de modo que não mais reinou em Jerusalém. O faraó também impôs a Judá um tributo de três toneladas e meia de prata e trinta e cindo quilos de ouro."

v.34 "Colocou Eliaquim, filho de Josias, como rei no lugar do seu pai Josias, e mudou o nome de Eliaquim para Jeoaquim. Mas levou Jeoacaz consigo para o Egito, onde ele morreu."

Outro exemplo de reis soberanos nomeando vassalos ou reis em uma hierarquia abaixo à sua podemos encontrar em Gênesis 41.40-41 onde Faraó entrega ao seu servo/vassalo José todo o comando do Egito para que ele governe por Faraó:

v.40 "Você terá o comando de meu palácio, e todo o meu povo se sujeitará às suas ordens. Somente em relação ao trono serei maior que você"

v.41 "E o faraó prosseguiu: Entrego a você agora o comando de toda a terra do Egito."

O Senhor é soberano perante todos os reis e com isso Ele levanta e depõe homens no reinado que Ele quiser e por assim achar melhor. Ele escolheu Davi e o nomeou rei e lhe fundou uma dinastia em Jerusalém estável, quem desobedecesse a Davi, ou fosse contra ele, em qualquer circunstância, estaria então desobedecendo e indo contra o próprio Deus (Isaías 7.6-7):

v.6 "Vamos invadir o reino de Judá; vamos rasgá-lo e dividi-lo entre nós, e fazer o filhos de Tabeel reinar sobre ele."

v.7 "Assim diz o Soberano Senhor: Não será assim, isso não acontecerá."

Judá foi vassalo de Nabucodonosor, e em um paradoxo de Deus, porque mesmo assim tudo estava debaixo de Sua vontade onde Deus é o Soberano e Nabucodonosor é o seu servo/vassalo, assim sendo os outros reis são vassalos do rei vassalo. Vejamos os versículos abaixo:

➤Daniel dizendo sobre o rei vassalo (Daniel 2.20-21):
v.20 "...e disse: Louvado seja o nome de Deus para todo o sempre; a sabedoria e o poder a Ele pertencem"

v.21 "Ele muda as épocas e as estações; destrona reis e os estabelece. Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos que sabe discernir."

➤Nabucodonosor confessando através de sonhos que Deus é soberano acima dos reis (Daniel 4.17):
v.17 "A decisão é anunciada por sentinelas, os anjos declaram o veredicto, para que todos os que vivem saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer, e põe no poder o homem mais simples."

O Salmos escolhe e exalta um aspecto particular da realeza, de tal sorte que a leitura ou meditação do texto pode perturbar-nos. O Salmos estabelece o princípio de autoridade como dado formal, sem enche-lo de conteúdo. Não exigindo do Soberano a administração da justiça, o Salmos abre o flanco a críticas graves, porque abre o flanco a abusos desmedidos, 'por graça de Deus'. Pois respalda imediatamente a autoridade regia com a divina, juntando-as como numa só mira; um ataque ao rei é uma ataque a Deus.

O rei ferido no Salmos pode ser um rei empírico¹; histórico como talvez Davi ou Ezequias, ou até mesmo o futuro Messias descendente de Davi; ou um rei histórico em sua categoria sacral (divina).

A autoridade formal de Deus é respondida porque "Ele é Santo" (Salmos 99.3-5;9) assim a observação nos volta ao Salmos primeiro, sendo assim, a administração da justiça contra os rebeldes malvados não são apresentados dessa forma no Salmos e para isso é preciso ter compreensão do Salmos 1 ao lermos o Salmos 2.

CONCLUSÃO

Nós podemos reconhecer no Salmos 2 a alusão de um Rei e este sendo Messiânico, logo, temos o quadro de Jesus Cristo como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Apocalipse 19.15-16) tendo o Seu reinado de Paz antes do reencontro O Pai com seus filhos.


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