Você, Eles, ou Cristo?

   

     

A etimologia da palavra decálogo provém do gr. dekálogos e significa um conjunto de dez normas, princípios ou preceitos e foi utilizado para descrever as dez leis de Deus escritos em duas tábuas de pedra e entregue a Moisés no Monte Sinai. Por anos o decálogo é passado de geração a geração.

Em todas as comunidades cristãs, o decálogo é declarado como as leis de Deus entregue diretamente ao homem (representado por Moisés, conferir com Êxodo 1.1). Muito da moral da sociedade é baseada nesse decálogo, como por exemplo as leis contra assassinato e roubo. Mas quão importante para nossas vidas sãos os dez mandamentos? Porque deveríamos estudar, ministrar e pesquisar sobre eles? 

Vamos deixar nessa postagem um breve conteúdo sobre o primeiro dos dez mandamentos: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento" usando para leitura o Evangelho Segundo Mateus 22.37.

O PRIMEIRO MANDAMENTO (Êxodo 20.3-6)

3 Não terás outros deuses diante de mim. 

4 Não fará para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima dos céus, nem debaixo da terra, nem nas águas debaixo da terra. 

5 Não as adorarás, nem lhes dará culto; porque Eu Sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.

6 E faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.

  1.    vv.3-5a: Aqui Deus nos proíbe de fazer qualquer tipo de imagem, no oriente médio e na época ao qual estamos estudando já era comum ter estátuas ou imagens no relacionamento entre o adorador e o adorado, certamente que os hebreus já tinham esse costume aprendido nos quatrocentos anos que estiveram no Egito. 

Também já era de costume dos próprios hebreus antes mesmo de se tornar um povo como podemos ver com Terá se levarmos em consideração que era uma família natural de Ur dos Caldeus uma cidade pagã e onde não há relatos bíblicos de uma promessa de Deus para ele (temos em Gênesis 15.7 e Neemias 9.7 essa promessa sendo diretamente para Abraão e não ao seu pai Terá) assim como Labão/Raquel no furto do deus doméstico terafim (Gênesis 31-19,30) e também com Jacó e sua família (Gênesis 35.1-7). Deus quis deixar bem claro ao Seu povo que não toleraria mais nenhum tipo de idolatria e nem mais os deuses estrangeiros.

A CRISTANDADE E O PRIMEIRO MANDAMENTO (Evangelho de Mateus 22.37)

Como vimos acima os dez mandamentos foram necessários para o povo do Antigo Testamento, para àqueles do Novo Testamento e também à nós dos dias de hoje. Deus cria um código a ser seguido e pode (deve) muito bem ser usado pela igreja cristã moderna.

Os cultos de muitas igrejas hoje se tornam palanques quando não palcos para shows e até mesmo stand'up onde pregadores políticos; cantores gospel e pregadores que mais fazem o povo rir do que os alimentam com a poderosa Palavra das Escrituras tomam mais tempo de nossos púlpitos do que mereciam, se, claro, esses tais merecem algum tempo, porém, não cabe a mim ou a você julgar (será?).

E vou além! Se falarmos não de um culto coletivo e sim do nosso culto individual. Até onde no meu e no seu culto individual criamos outros deuses e imagens para adorarmos?

Até onde, ou até quando, nós criamos e adoramos os nossos próprios ídolos? 

Vejamos a etimologia da palavra ídolo:

               ídolo: 1. estátua ou simples objetos cultuados como deus ou deusa; 

                          2. objeto que se julga habitar um espírito; 

                          3. pessoa a quem se atribua respeito ou afeto excessivos.

Apesar de termos três verbetes para o significado de ídolo fiquemos apenas com o terceiro deles: tributo e respeito excessivo. O exagero de nosso culto individual pela pessoa que vai estar no culto é um dos princípios para que ela mesma não sinta a presença de Deus ou saia do culto coletivo sem estar bem alimentada da Palavra de Deus, e não estamos falando do exagero em adorar A Cristo. 

Não! Antes fosse esse o problema. Hoje os cultos ficam lotados quando tal preletor estará ministrando, não importa o que será ministrado, seu nome já é o suficiente para atrair os adoradores. Quando se tem campanhas e mais campanhas por causa do Pastor itinerante que são demasiadamente usados por Deus (como se a Sua Palavra não fosse o suficiente) ou profetas que revelam número da identidade, dores de cabeça e até o seu problema familiar; quando convidamos o cantor A ou o cantor X para adorar A Cristo há uma correria para preencher os primeiros lugares do templo.

Amado irmão e querida irmã, é assim que criamos nossos deuses e ídolos e os colocamos no lugar mais importante do Templo, que é o nosso coração (aqui representando nossa vida), lugar que deveria ser daquele que deu a Sua vida por nós (Evangelho de João 3.16). 

Todas as vezes que saímos de casa com esses pensamentos de ver cantores, pregadores e profetas estamos deixando Cristo em último lugar. Eu vejo que temos Cristo em nossas vidas mas deixa-lo por último não é o suficiente. Ele tem que ser a sua razão de viver. a sua razão de ir cultuar, a sua razão de adorar. Se observarmos o versículo 5b de Êxodo 20 verá o substantivo zeloso no qual é o que Deus sente por nós e pode muito bem ser substituído por ciumento e até apaixonado.
             
Acabamos? Não! Tem mais uma classe de ídolos que respeitamos e damos tributos exageradamente. Quem? Você (compreende-se todos que se encaixam no que lerão a seguir)! Isso mesmo, quando vai ao culto simplesmente porque irá ser o solo de seu conjunto musical; ou porque é um instrumentista e vai apenas para exercer seu talento. 

Ou você que foi convidado para ministrar um sermão e esse é o único dia em que chega no horário. Devemos deixar de lado esse egocentrismo e começarmos a dar exclusividade a Ele, o Cristo. Assim como Cristo é apaixonado por nós, assim como Ele tem ciúmes de nós devemos ser recíprocos e sair dos cultos centrífugos¹, portanto, todas as vezes que deixamos o nosso culto assim nos afastamos do centro do culto; do centro da Bíblia; do centro da criação, do centro dos braços de Jesus Cristo.

Os nossos cultos têm de ser centrípetos²  e direcionados somente A Ele. O pastor; o obreiro; os departamentos existentes na igreja; o grupo de louvor; eu; você, nós! Não podemos nos tornar ídolos. Não podemos nos tornar o centro das atenções. Não podemos ser o motivo de irmos ao culto (tanto nosso como das demais pessoas). Nós já temos O motivo, nós já temos O objetivo. CRISTO!

"Assim, pois, quem escuta as minhas palavras e as pões em pratica parece-se com um homem prudente que construiu a casa sobre a rocha. Caiu a chuva, cresceram os rios, sopraram os ventos e se abateram sobra a casa; mas não a derrubaram porque estava alicerçada na rocha" (Evangelho de Mateus 7.24-25)

Cristo, e somente Ele, é a nossa rocha; nossa razão de viver!

'centrífugo: o que se afasta do centro
²centrípeto: o que se dirige ao centro